Per-médio, Per-tinente, Per-aí
Daniella Samad

by Daniella Samad

Ao vermos as fotos de Ana Amélia Genioli é impossível não nos recordarmos de Marcel Duchamp, com seu “Nu descendo a escada”, onde este objetivou a nudez clássica do corpo numa ação banal, cotidiana; flagrou-o em seus instantâneos, a ação sendo congelada.

Por sua vez, a artista nos revela um corpo biomórfico, corpo-ação que dança, voa e flui na textura da areia que é papel, tecido; suporte de transparências que se interpenetram num espaço entre; espaços da ação vivente.

Suas fotos exibem o corpo – objeto como algo móvel, transitável, imagens diáfanas; instáveis; o deslocamento dentro da imagem que é sempre a soma de outras três conjugadas; o suporte é aqui a fusão de instâncias móveis que interpenetram-se e resultam numa nova organização que se dilata no tempo.

A organização resultante é o tempo expandido. O registro do movimento em escorço, ao redor de si mesmo, engolindo-se; casulo, invólucro. Bólide espaço-temporal.

A imagem é um texto, lugar da imaginação, organicidade; a ação figura a palavra do corpo expandindo-se e dilatando-se no acontecimento, o tecido vira carne; matéria fluída, dimensionável e não mais um suporte plano e irredutível; as cartesianas implodem.

Orla que beira o mar e casulo que abraça a si mesmo.
Lençol freático da pele.
Praia-papel-suporte.
Conchas na orla.

Daniella Samad | 2006

Profª de Arte Contemporânea na Pós Graduação em História da Arte da Unicsul.


Per-médio, Per-tinente, Per-aí  

When we look at the photos by Ana Amélia Genioli it is impossible not to be reminded of Marcel Duchamp, with his “Nude Descending a Staircase”, where he showed the body’s classical nudity in a banal, daily action; Duchamp caught this in his images, freezing the action.On her part, Ana Amélia reveals to us a biomorphic body, body-action that dances, flies, and flows in the texture of the sand that is paper, fabric; a support of transparencies that is interpenetrated in space within the spaces of a living action.Ana Amelia’s photos show the body-object as something that moves, passes, images that are diaphanous, unstable; the displacement within the image that is always the sum of three other combinations; the support here is the fusion of the moving instances that are interpenetrated and result in a new organization that is dilated in time.The resulting organization is expanded time; the registration of the foreshortened movement around itself, swallowing up; cocoon, casing. Temporal-spatial bolide.The image is a text, a place of imagination, organic; the action depicts the body’s word, expanding and dilating in what is happening, the fabric becomes flesh; fluid matter with a dimension, not longer a plane and irreducible support; the Cartesians implode.Shore along the ocean and cocoon that embraces itself.Groundwater of the skin.Beach-paper-support.Shelves on the shore. 

Daniella Samad

2006

Contemporary Art teacher at the Unicsul University